sexta-feira, 17 de abril de 2009

.....E LÁ SE FOI MAIS UM MÓDULO....

....e, para a turma do fundão, lá vai o meu "ATÉ MAIO"!!!!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

PEDRO E A ZIBELINA

PARA PEDRO 'CLASH' A QUEM, EM CLASSE, NÃO CONSEGUI DIZER O ABAIXO:

Animalzinho melindroso das florestas russas, a Zibelina começou a ser usado como ornamento de vestimentas desde a época carolíngia. Carnívoro, sua composição física, pernas curtas e corpo alongado, já sugere seu andar quase rastejante para não ser visto por predadores maiores, e para surpreender os menores, de que se alimenta.
Parece estranho Zibelina representar o “ser imaginário” de alguém como Pedro?
Os textos de Pedro sempre me surpreendem. Não deveriam, pois já conheço de alguns módulos de “escrevivendo” a lucidês do seu raciocínio, sua capacidade de enquadrar idéias com distinção e força apesar da simplicidade com que as coloca. E meu primeiro pensamento ao ouví-lo ler seu texto foi o último item de minha própria lista inicial de seres imaginários, que, porém, não me atrevi a desenvolver: Deus.
O fato de Zibelina ser “ausência” reforça ainda mais sua presença. A onipotência de Deus, um dos atributos mais cantados, enquadra outro que pouco mencionamos para não soar como uma ameaça. Não é, mas é tão real que nunca o percebemos: Sua “oni-presença”.
A Zibelina de Pedro tem os dois.
Se Zibelina chega sorrateiramente e se instala nos momentos de crises, qualquer crise, é porquê nosso inconsciente a percebe e a ela apela como quem necessita de um calor macio em volta de seus ombros e sua alma. O depoimento de Pedro é até um alerta contra a ingratidão. Resolvido o problema, Zibelina se vá. Devíamos nós, agora, acarinhá-la, acalentá-la em nosso colo, alimentar-lhe a alma com a nossa. Só os realmente religiosos – de qualquer religião – os ascetas, os penitentes, os místicos lhe dedicam constante homenagem.
Zibelina resolve, mas some: sua ausência dá vida à consciência do necessitado que, com sua própria força e ajuda espiritual, tem capacidade, sim, de resolver suas crises e as aceita, por que elas fazem parte de nosso saber e não-saber.
O texto do Pedro mereceria um fundo musical. Eu não sei compor mas poderia sorver da composição de Prokofiev, os sons didáticos e descritivos que usou para sua fabula de Pedro e o Lobo. Talvez com a adição de algumas discretíssima colunas de órgão, ou, quem sabe, melhor um saxofone barítono a acariciar-lhe o pelo macio que já não abastece os régios ornamentos, mas só aquece os recursos íntimos dos seres humanos.

terça-feira, 7 de abril de 2009

HOMENAGEM A PHILIP ROTH E A SEU OLHAR LÚCIDO SOBRE A JUVENTUDE / VELHICE E VIDA/MORTE

TRECHO SELECIONADO DO SEU LIVRO "THE DYING ANIMAL"
(tradução de Paulo Henriques Britto)

Você pode imaginar o que é velhice? É claro que não. Eu não podia. Nunca consegui. Não fazia idéia do que era. Não tinha nem mesmo uma imagem falsa, não tinha imagem nenhuma... Ninguém quer encarar a velhice antes de ser obrigado a encará-la...Por motivos óbvios, é impossível imaginar uma etapa de vida posterior àquela em que estamos. Às vezes já chegamos na metade da fase seguinte quando nos damos conta de que já estamos nela. Além disso, as primeiras etapas da velhice tém lá suas vantagens.
Mesmo assim, as intermediárias são ameaçadoras para muita gente. Mas e a etapa final? Curioso: é a primeira vez na vida que você consegue ficar completamente por fora da situação que você está vivendo. Observar a decadência do próprio corpo de um ponto de vista externo, permite que a gente se sinta, graças à vitalidade que continua a ter, a uma distância razoável dessa decadência - às vezes dá até para sentir-se orgulhosamente independente dela...
É importante traçar uma distinção entre morrer e a morte. O morrer não é um processo ininterrupto. Se a gente tem saúde e se sente bem, é um processo invisível. O final, que é uma certeza, nem sempre se anuncia de maneira espalhafatosa. Não você não consegue entender. A única coisa que você entende a respeito dos velhos quando você não é velho, é que eles foram marcados pelo tempo. Mas compreender isso só tem o efeito de fixá-los no tempo deles, e assim você não compreende nada.
Para aqueles que ainda não são velhos, ser velho significa TER SIDO. Porém ser velho significa também que, apesar e além de ter sido, você continua sendo. Esse ter sido ainda está cheio de vida. Você continua sendo, e a consciência de continuar sendo é tão avassaladora quanto a consciência de ter sido.
Eis uma maneira de encarar a velhice: é a época da vida em que a consciência de que sua vida está em jogo é apenas um fato cotidiano. É impossível não saber o fim que o aguarda em breve. O silêncio em que você vai mergulhar para sempre. Fora isso, tudo é tal como antes. Fora isso, você continua sendo imortal enquante vive.