domingo, 30 de outubro de 2011

CONSIDERAÇÕES SOBRE O "SÃO JERÓNIMO", DO ANTONELLO DA MESSINA

O que mais chama atenção na pintura "São Jerônimo" (circa 1475) de Antonello da Messina (1430-1479), é o equilibrio do fundo da tela: sua perspectiva e profundidade tem os dois lados, direito e esquerdo, com peso e volumes visuais perfeitamente distribuídos. Embora isso fosse uma das características da pintura da época, o requinte das arcadas em linhas oblíquas aumentou a área de pintura do tema propriamente dito, levando o observador a caminhar desde a área interior para uma vasta paisagem além dos vitrais.
Se é verdade que o mesmo equilibrio foi respeitado por seu contemporâneo Leonardo da Vinci (1452-1519) no retrato de Monnalisa, este criou uma paisagem de montanhas e colinas que obedecem, sim, as regras pictóricas mas não desviam o interesse do observador.
Antonello da Messina, na tela que estamos analisando, antes mesmo de homenagear o Santo, deu uma demonstração de conhecimento arquitetônico. Pareceu-me evidente que houve um Mecenas que encomendou a pintura em louvor do estudioso Jerónimo, e que o pintor aproveitou-se dela para esbanjar técnica!
Lá o Jerónimo escritor, tradutor e estudioso de idiomas arcáicos, estava cumprindo sua tarefa para a divulgação da sabedoria entre religiosos e dignatários.
Eu, que deixei há poucos anos de escrever aquilo que me era exigido nas minhas inúmeras atividades profissionais, virei-me para dentro e agora só escrevo o que me dá na telha, para relembrar as sensações que vivi, os testemunos que presenciei e, às vezes, os devaneios que minha vida ainda irradia.
Disso tudo surgem os contos sobre personagens que não conheci mas que nascem e vem ao meu encontro, assim, só por que me habitam, gostam de minha companhia e eu gosto da deles.

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