RESENHA
Pouco se dá atenção ao teatro amador. Vamos com alguma condescendência incentivar os sonhos dos jovens que ambicionam, um dia, ser profissionais aplaudidos. E tão concentrados nos atores, nossos filhos ou filhos dos nossos amigos, que poucas vezes atentamos aos detalhes e, pior, aos desconhecidos que, atrás dos bastidores, criam o sempre muito necessário para que os atores tenham a atmosfera certa para manter-se nas personagens, para não esquecer as falas, para cumprir com as marcações.
Em BLACK-OUT - apresentado por poucos dias no teatro da Cultura Inglesa de Pinheiros - nada pôde passar desapercebido: o esmerado cuidado dos envolvidos no espetáculo saltou de imediato aos olhos desde a primeira cena.
O dramaturgo escocês Davey Anderson costuma abordar temas politico-sociais mesmo nos textos - que são sua maioria - idealizados e escritos para o teatro e atores infanto-juveniis. O tradutor Marco Aurélio Nunes, nos trouxe com muita propriedade uma adaptação verbal clara e muito congruente com nossa realidade. O idealismo exacerbado dos jovens cria desentendimentos no âmbito familiar, especialmente com as mães.
Ou seriam as diferências pais-filhos que impulsionam os jovens para a aceitação e a prática de idealismos de que mal entendem os conceitos?
Anderson escolheu a reincidência do Hitlerismo como exemplo do que poderia ter sido a visão escocesa dos infindáveis levantes irlandeses; ou o crescimento tardio de um novo peronismo na Argentina, ou o ressurgimento de algum esquerdismo em algum país da america latina.
Ao passo que o mundo se renova, ele também se repete em módulos variados mas reincidentes, diferentes sim, mas novamente perniciosos.
Impecável a direção de Rafael Masini, jovem de olhar maduro, pontuada de movimentação cênica harmoniosa e, ao mesmo tempo impactante; a música de Rafael Zenorini permitiu ao diretor "solfeja-la" com mestria nos momentos mais oportunos e mais sublinhados.
Os atores tem, um bom preparo de expressão corporal e vozes trabalhadas para chegar claramente ao espectador, cuspindo emoções, silenciando medos. Um deles especialmente (Arthur Oliveira) ostenta uma invejável projeção vocal aliada a um agradável tom"redondo" e a uma rara articulação. Muitos atores de carreira, até consagrados, ainda pecam por isso.
Enfim um BLACK-OUT mais que iluminado. Obrigada Benê, por ter-me levado
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
!Que bom que você gostou do seu programa de teatro !!!!!!!!!
Seráque entrevejo, nas entrelinhas , uma saudade do período em que você atuava ?
Beijos da sua filha na praia ...
Bruna, querida! Parabéns pela resenha. Só você poderia descrever, entender e escrever sobre tão instigante espetáculo.
Parabéns ao Bene e seu filhote e obrigada aos dois, um por ter me convidao e outro por ter me levado!
bedjos mil
san
Postar um comentário