sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SONO E SONHOS, um conto de crianças....

-”Manheee, não estou com sono...”
-”Vamos Clarinha, já e tarde e amanhã é dia de escola, esqueceu?”
-”Mas eu não estou com sono!”
-”Olhe seu irmão: Tonico já dormiu. Está escutando? Até ronca!...”
-”Ah, mãe, então conta carneirinhos comigo”
-”Um carneirinho, dois carneirinhos, três carneirinhos.....”
A mãe contando e olhando o relojo: louça para lavar, uniformes para passar, lancheiras para organizar. E a mesa para o café da manhã. ....Quinze, dezesseis, dezessete carneirinhos,....e já foi a Clarinha, pestanas se encontrando, lábios se afastando num respiro tranquilo.

Lá está ela. Correndo no campo verde, gramado cheio de margaridinhas; a cerca pintada de branco serve de obstáculo para carneirinho pular, um atrás do outro: branquinhos, orelhinhas rosadas, ovelha-mãe, gorda e pesada tentando alcançá-los. Mas olha aí um pretinho, o menor, o mais lerdo, pernas ainda trêmulas, como se tivesse acabado de nascer. Clarinha corre, pega-o com os dois braços e aperta o bichinho ao peito tentando carrega-lo. Mas lá vem Tonico correndo:
-“Deixa Clarinha, ele é muito pesado para você, deixa que eu levo.”
Levam até a cozinha da fazenda, dão leite, tentam lavá-lo com um pano úmido, e o bicho miando que nem gatinho.
-“Será que mamãe vai me deixar levá-lo para casa?”
-“Vamos perguntar para ela, Clarinha. Não vai dar trabalho, nós mesmos podemos cuidar dele...”
-“Eu. Eu quero cuidar dele, o carneirinho é meu, eu achei!”


Barulho de chinelos, beijo carinhoso de mãe na testa de cada um.
-“Vamos crianças. Já está na hora. Banho rápido, aí estão os uniformes e podem descer que o café da manhã está na mesa”.
-“Mas manheee, eu ainda tenho sono....”
-“Pois é, mas a escola não espera...Vamos, rápido os dois!”
Em pouco menos de quinze minutos estão os dois famintos. Pão com manteiga, polenguinhos, mamão e suco de laranja enquanto esperam o leite. Lá vêm as jarras da mamãe: chocolate quente numa, leite na outra.
E é o Tonico a falar.
-“Mãe, eu sonhei que estava roubando leite da sua jarra para amamentar um carneirinho preto que a Clarinha achou no pasto...”
Pão preso na mordida dos dentes, Clarinha arregala os olhos.

Um comentário:

Kely Cristina S. Felício disse...

Ai que encanto essa historinha!!!! Criança consegue fazer alegria e cumplicidade até no sonho! Um beijo. Kely