quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

RESENHA do filme: Pelos Olhos de Maisie



Título original: What Maisie knew
Produção: USA 2013
Direção: Scott Mcgehee e David Siegel
Cast: Julianne Moore, Steve Coogan, Onata Aprile


Transportar a história escrita por Henry James em 1897, para época atual, já foi um feito magistral,
tão magistral quanto o fato de Henry James ter previsto há mais de cem anos, os problemas existenciais de uma menina em litigio.
Escalar para interpretação Julianne Moore, foi surpreendente pois os diretores conseguiram tirar-lhe aquele habitual olhar estático de pacato sofrimento. Tanto ela como Steve Coogan retrataram impecavelmente o casal, cada qual ligado, movido e angustiado na perene escalada do sucesso pessoal. Se na história original esses pais tenham sido movidos só pela irresponsabilidade, na nossa era suas atitudes (ou desatitudes...) são quase normais, aceitáveis pelo mundo em que vivemos, onde alcançar a admiração alheia faz parte intrínseca do legado que pretende-se deixar aos filhos.
A pequena Onata Aprile é uma inovação na classe de interpretação infantil. Sem poder compara-lo à menina original do livro de James, o personagem criado aqui (pelos diretores e prodigiosamente obedecido pela pequena atriz) é o antidoto do que estamos acostumado a ter que aceitar em filmes envolvendo atores infantis. Onata não chora, não ri, não se estressa: apenas obedece. E olha.
A direção é leve, delicada, e só incisiva quando traz pequenos detalhes em primeiro plano. É pura observação, deixando ao espectador as reações nos momentos apropriados, reações que Maisie não tem mas anota no olhar, sem que ninguém perceba.
O filme pode não ter agradado suficientemente aos críticos que lhe atribuíram unicamente três estrelinhas, mas nem que fosse só pela direção tão cuidadosa e.....impessoal (ao ponto de não querer influenciar o espectador), ele bem mereceria mais uma.
É um filme carinhoso (carinhoso sim, até com os quatro personagens adultos), cauteloso para não conduzir ao pieguismo; é um continuo atalaiar de sentimentos contidos. E imperdível.


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