Título original:
What Maisie knew
Produção: USA 2013
Direção: Scott
Mcgehee e David Siegel
Cast: Julianne
Moore, Steve Coogan, Onata Aprile
Transportar a história escrita por Henry James em 1897, para época
atual, já foi um feito magistral,
tão magistral quanto o fato de Henry James ter previsto há mais de
cem anos, os problemas existenciais de uma menina em litigio.
Escalar para interpretação Julianne Moore, foi surpreendente pois
os diretores conseguiram tirar-lhe aquele habitual olhar estático de
pacato sofrimento. Tanto ela como Steve Coogan retrataram
impecavelmente o casal, cada qual ligado, movido e angustiado na
perene escalada do sucesso pessoal. Se na história original esses
pais tenham sido movidos só pela irresponsabilidade, na nossa era suas
atitudes (ou desatitudes...) são quase normais, aceitáveis pelo
mundo em que vivemos, onde alcançar a admiração alheia faz parte
intrínseca do legado que pretende-se deixar aos filhos.
A pequena Onata Aprile é uma inovação na classe de interpretação
infantil. Sem poder compara-lo à menina original do livro de James,
o personagem criado aqui (pelos diretores e prodigiosamente obedecido
pela pequena atriz) é o antidoto do que estamos acostumado a ter que
aceitar em filmes envolvendo atores infantis. Onata não chora, não
ri, não se estressa: apenas obedece. E olha.
A direção é leve, delicada, e só incisiva quando traz pequenos
detalhes em primeiro plano. É pura observação, deixando ao
espectador as reações nos momentos apropriados, reações que Maisie
não tem mas anota no olhar, sem que ninguém perceba.
O filme pode não ter agradado suficientemente aos críticos que lhe
atribuíram unicamente três estrelinhas, mas nem que fosse só pela
direção tão cuidadosa e.....impessoal (ao ponto de não querer
influenciar o espectador), ele bem mereceria mais uma.
É um filme carinhoso (carinhoso sim, até com os quatro personagens
adultos), cauteloso para não conduzir ao pieguismo; é um continuo
atalaiar de sentimentos contidos. E imperdível.
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