domingo, 26 de janeiro de 2014

RESENHA DE FILME: O LOBO DE WALL STREET


Produção: USA 2013
Direção:    Martin Scorsese
Cast:         Leonardo de Caprio, Jonah Hill et alia


Um filme muito bom. Provavelmente ganhador de diversos Oscars, grandes bilheterias, aplausos, risos e muitas platéias.
A dupla Scorsese-Di Caprio é a combinação de dois dos maiores gênios da atualidade: Um diretor meticuloso, exigente, imperativo - mesmo que frequentemente prolixo – e um ator que já é um “intérprete” por excelência. Vê-los juntos deve ser impactante: um senhor pequeno, quase anão se ao lado de um gigante imponente e atlético de apenas quarenta anos. O primeiro já há tempos “enfant terrible” do mundo cinematográfico, o segundo um ator que já entrou para o escalão dos indiscutíveis “grandes”, daqueles cuja vida pessoal é respeitada e desconhecida: os De Niro, os Pacinos e quem sabe, um dia, os Hanks quando o Tom conseguir se livrar do perpétuo ar de bom moço, passando para personagens contestadores e contestados.
As malversações das Bolsas, das corretoras, das crises econômicas, das fortunas astronômicas e das falências precipitosas no mundo financeiro de Nova York, são trazidas através da vida de Jordan Belfort, em que o filme é baseado. Enquanto comissões vicejam, as finanças estão sendo levadas para a lixeira, mas riquezas, festas orgiásticas, drogas e irresponsabilidades dançam freneticamente. É tudo verdade, foi tudo verdade, e há as inevitáveis intervenções policiais que parecem terminar com a festa: centenas de subordinados na rua da amargura e o grande culpado safa-se com pouca expiação ganhando daí em diante dinheiro – e muita admiração – palestrando sobre o “como” convencer as pessoas a cair na lábia de poucos. “Venda-me esta caneta”. O chavão que parece a porta para uma carreira.
Interessante a curta inclusão de Matthew McConaughley no começo do filme. O ator, habitualmente de formas físicas atraentes e saudáveis, aparece bronzeado, mas esquálido e macilento apesar de sua "mise en scène" esfuziante. Se a intenção de Scorsese, - que o apresenta como  Presidente da Corretora de Bolsa onde Jordan Belford começa sua vida e onde verá o primeiro fracasso do sistema que depois acabará  adotando,- foi um alerta de como o novato poderá acabar, faltou o necessário para dar ao filme o que lhe faltou: o amargo de anos de vida desperdiçados.
Um filme de sucesso, seguramente. Longo demais para mim, alguns momentos que deveriam ser levados mais a sério pela direção, evitando incabíveis risadas da platéia, o pathos de muitas vidas fracassadas. Um diálogo inteligente, um ritmo galopante apesar de parêntesis longas demais, uma interpretação absolutamente magistral.
Entretanto, saí do cinema sem nada.


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