Vinda da luminosidade do Rio de Janeiro, hoje vivo em São Paulo, essa cidade-luz que não é Paris mas que me fez sentir, desde minha chegada, como se estivesse chegando de férias, pronta para conquistar o mundo. Essa é a cidade onde já vivi a feérica Rua Augusta e a classudíssima “Higienópolis”. De lá, há quase quinze anos, fiz minha entrada nos Jardins, provavelmente meu último reduto paulista.
Meu roteiro sentimental? Para criá-lo deve haver uma maneira melhor do que virar esquinas, descrevendo caminhos e Marcos, históricos ou sentimentais, feito guia turístico. Tarefa desoladora especialmente para quem, como eu, não tem cultura histórica para fazê-lo. E arriscaria de soar árido.
Desde que não tenho mais carro, caminho muito: aproveito minhas pernas, ainda obedientes, para ziguezaguear pelas ruas e por essas maravilhosas alamedas que descem saltitante da Paulista, e que eu escalo – o termo realmente é escalar – quando vou à Casa das Rosas, aos Cinemas, aos Shoppings.
Marcos? Estou num continente onde Marcos são, em sua maioria, descartáveis apesar dos esforços individuais para perpetuá-los. O que é um Marco? Um Masp decadente onde não há indicação visível do ano em que foi construído aquele vão livre surpreendente? Ou o Masp de vidraças ainda mais opacas desde que lhes tiraram o azul e as nuvens de uma artista já esquecida? Ou um palacete dinamitado em surdina para evitar sua desapropriação? Um parque com esquilos escondidos entre árvores centenárias que só é seguro com policiamento ostensivo? A Casa das Rosas só permanece Marco pela galhardia de um grupo de intelectuais, ainda assim cerceados pelas limitações de um Condephaat ineficiente.
Outro dia reparei, numa das alameda, o letreiro de uma antiga casa, sólida e azul, que hoje abriga um instituto de beleza: orgulhosamente ostenta os dizeres “DESDE 1975” , pouco mais de trinta anos de tradição, um Marco para garantir categoria e credibilidade. Ao seguir minha escalada, me descobri rindo de verdade: eu também ostento minhas credenciais, DESDE 1934. Sem letreiro...
Minhas caminhadas me levam à observação mais cuidadosa das coisas. Os edifícios de arquitetura arrojada esbanjam espaços internos e jardins bem projetados. Foi numa dessas subida que verifiquei com quanto zelo a nossa prefeitura obedece os cânones do civismo urbano: o rebaixamento das calçadas em toda esquina, que pode até parecer uma sarcástica afronta ao bom senso dos cadeirantes.
Mas tudo é muito bem cuidado, varrido, saneado. Por ser chamado Jardins, o bairro poderia ter canteiros: teve, uns anos atrás, quando da revitalização da Nove de Julho, o que me rendeu também “A flor” o miniconto em homenagem aos agapantos brancos e azuis de reminiscências infantis. Eles não existem mais, freneticamente pisoteados, junto com grama e arbustos pelos apressadíssimos transeuntes. Essa Avenida merece uma segunda mão de maquiagem, se possível, com manutenção.
Com tanto caminhar descobri que Marco hoje, para mim, é o que meu instinto registra como inusitado. Hoje tenho meu próprio GPS emocional que não preciso acionar, pois é ele que me conduz espontaneamente a admirar, acompanhar e reconhecer os Marcos para mim mais importantes. E seus novos vizinhos. Estou falando de árvores.
Duas mudas de Choupos foram plantadas no fim do ano passado na calçada em frente a um prédio novo, na Alameda. Lorena. Árvores raras, praticamente desconhecidas: seus ramos crescem desde a raiz, paralelos ao tronco, suas folhas quase redondas, claras e macias: apesar do seu aspecto final lembrar o desenho de um cipreste, seu volume é leve, quase transparente. Uma delas já está alta o suficiente para roçar nos mil fios das mil tensões que correm entre os postes. Mereceriam uma placa: Populus Alba, DESDE 2010!
Dois Pinheiros na Paulista, um a poucos passos da Casa das Rosas, outro numa esquina perto da Campinas. E a Nespereira – frutífera apesar de abastardada - ao lado do Instituto Pasteur. Há coisa mais inusitada do que uma Mangueira no meio da Avenida Nove de Julho, tão generosa que, no verão, passo debaixo dela com cuidado... Os Ipês amarelos e rosa das transversais; alguns Plátanos com seus ouriços mas sem as castanhas; um Jambo-cereja a uma quadra de minha casa, tão modesto que só o descobri depois de anos de vizinhança. David que o diga, não é amigo?
Uma Amoreira alimenta ninhadas de sabiás-laranjeira no jardim do meu prédio. A poucos passos dela, uma Jabuticabeira parece eternamente carregada de frutos: os pássaros sabem sugá-los deixando o invólucro intacto! Há uma Tangerineira a caminho da feira onde compro meus “Tomates Sentados* que entrelaçou-se a uma árvore corriqueira, dessas comuns de calçada, mas que dá frutos cuidadosamente recolhidos pelos porteiros do prédio em frente. E há Carambolas, com sua folhagem intensa, que roçam vidraças, não é Sandra?
Talvez tudo isso não seja Marco para quem cresceu ao redor dele, sempre fez parte de suas vidas e não notam mais! Mas tenho uma descoberta mais recente, que meu GPS emocional registrou aos gritos, pois faz parte de uma paisagem que me é saudosamente familiar e, por isso mesmo, agora e aqui, inusitada.
Desviando-me do caminho numa corriqueira ida a banco, deparei-me com ela. Numa alameda tropical, uma intrusa. Desconhecida. Reconhecida. Lá estava ela, majestosa apesar de sua pequenez, mas rígia, com seus curtos troncos retorcidos, seus galhos franzinos, sua folhas miúdas, cinzentas, pontudas.
Majestosa. Imponente.
E enternecedora.
Uma Oliveira.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
terça-feira, 23 de agosto de 2011
A ÁRVORE DA VIDA -- Resenha
Filme: USA 2011
Título original: The tree of life
Direção: Terrence Malick
Cast: B.Pitt, H.McCracken, Jessica Chastain, Sean Penn
Um “must”. Tão bom assim? Não: rebuscado, pedante, pretensioso.
Mas lindo.
Tivesse ficado no retrato da uma família americana na tranquilidade de Waco,- cidadezinha texana pacata e silenciosa como as margens serenas do rio Brazos quase na Louisiana, - teria sido mais um filme imperdível de Terrence Malik. Imperdível pelo retrato cuidadoso e profundo de todas as personagens, tudo visto pelos olhos – e alma – do narrador, o mais velho dos três filhos do casal.
Ex oficial da marinha, e agora engenheiro de uma fábrica interiorana, o pai começa exteriorizando um amor quase visceral pelos filhos bebês, evoluindo aos poucos para uma irremovível atitude autoritária que cerceia a evolução deles tanto na infância como na adolescência. Um Brad Pitt, tenso, contraído; transforma-se em homem sisudo e até feio, mandíbulas retesadas e salientes, olhos baixos, quase perdidos. Sua aridez convincente enquadra a infelicidade de quem sabe estar caminhando para o abismo da inutilidade profissional,o que eventualmente o levará a sentir-se diminuído perante os filhos. E não adianta esbanjar familiaridade e amor pela música de que ele pretende ter sido afastado pela guerra; música cujo amor tenta inocular ao filho como servindo-se de um pacto de paz que não soube criar como pai, entre ordens inapeláveis e abraços tão veementes que parecem pedidos de perdão.
Mas Terrence Malik não ficou no retrato de família, quis aventurar-se na difícil tarefa de dar forma, movimento e som à criação do mundo; e dar paz, silêncios e serena felicidade ao epílogo. E extrapolou: na primeira, longa, volumosa e barulhenta demais, - apesar de imagens primorosas e da bem selecionada trilha sonora - pôs a dura prova a paciência do espectador. Na segunda, longa, lenta, estática demais, recorreu às personagens, depois da vida, procurando-se em desérticos canyons e, depois,reencontrando-se,reconhecendo-se e abraçando-se felizes no lugar comum de paisagens calvas e brancas como nuvens. Na criação do mundo, poderia ter-se limitado à demonstração pictórica (maravilhosa na intenção inicial) de mucosas e membranas surgidas na fecundação, gestação e nascimento, como exaltação do eterno propósito no inicio daquela família. No fim, a solidão do filho adulto, no rosto de um soberbo Sean Penn teria sido mais impactante: a herança árida da transgressão paterna. Mas afinal, qual a razão nesse filme de introduzir criação do mundo e epilogo de vida?
Todavia o diretor soube servir-se de uma gama de atores cujas interpretações resultaram firmes, bem construídas, definitivas. Brad Pitt: aí está um ator que, de menino bonito aos poucos veio amadurecendo para personagens difíceis, trabalhando dura e conscientemente a caminho de uma profundidade que firmou “in his own wright and right*”. Sua maturidade o instigou à co-produção desse filme quase perfeito. Jessica Chastain, atriz quase desconhecida, nos traz uma mãe cuja presença nina a harmonia entre os meninos, mantendo-os unidos ao abrigo dos predadores, sem economizar-lhes jovialidade. Sean Penn, cujas interpretações, às vezes intencionalmente exageradas, conseguem assim mesmo marcar cenas inesquecíveis, tem aqui poucas aparições na personagem do filho-narrador já adulto. Mas mais uma vez espanta com uma interpretação absolutamente convincente e arrebatadora, sem emitir uma única palavra.
Lembro de ter presenciado, em um desses festivais do mundo dos espetáculos, a reedição da entrevista com um dos monstros sagrados de outrora, - seria Lawrence Olivier? - que disse algo como: “O teatro é dos atores, o cinema dos diretores e a televisão do resíduo”.
Saí da sala com a certeza de que às vezes o cinema é também, e mais, dos atores.
*a sutileza entre wright (entalhe em madeira) e right (direito). Wright é termo comum no teatro para definir o ator como "artesão",escultor de personagens.
Título original: The tree of life
Direção: Terrence Malick
Cast: B.Pitt, H.McCracken, Jessica Chastain, Sean Penn
Um “must”. Tão bom assim? Não: rebuscado, pedante, pretensioso.
Mas lindo.
Tivesse ficado no retrato da uma família americana na tranquilidade de Waco,- cidadezinha texana pacata e silenciosa como as margens serenas do rio Brazos quase na Louisiana, - teria sido mais um filme imperdível de Terrence Malik. Imperdível pelo retrato cuidadoso e profundo de todas as personagens, tudo visto pelos olhos – e alma – do narrador, o mais velho dos três filhos do casal.
Ex oficial da marinha, e agora engenheiro de uma fábrica interiorana, o pai começa exteriorizando um amor quase visceral pelos filhos bebês, evoluindo aos poucos para uma irremovível atitude autoritária que cerceia a evolução deles tanto na infância como na adolescência. Um Brad Pitt, tenso, contraído; transforma-se em homem sisudo e até feio, mandíbulas retesadas e salientes, olhos baixos, quase perdidos. Sua aridez convincente enquadra a infelicidade de quem sabe estar caminhando para o abismo da inutilidade profissional,o que eventualmente o levará a sentir-se diminuído perante os filhos. E não adianta esbanjar familiaridade e amor pela música de que ele pretende ter sido afastado pela guerra; música cujo amor tenta inocular ao filho como servindo-se de um pacto de paz que não soube criar como pai, entre ordens inapeláveis e abraços tão veementes que parecem pedidos de perdão.
Mas Terrence Malik não ficou no retrato de família, quis aventurar-se na difícil tarefa de dar forma, movimento e som à criação do mundo; e dar paz, silêncios e serena felicidade ao epílogo. E extrapolou: na primeira, longa, volumosa e barulhenta demais, - apesar de imagens primorosas e da bem selecionada trilha sonora - pôs a dura prova a paciência do espectador. Na segunda, longa, lenta, estática demais, recorreu às personagens, depois da vida, procurando-se em desérticos canyons e, depois,reencontrando-se,reconhecendo-se e abraçando-se felizes no lugar comum de paisagens calvas e brancas como nuvens. Na criação do mundo, poderia ter-se limitado à demonstração pictórica (maravilhosa na intenção inicial) de mucosas e membranas surgidas na fecundação, gestação e nascimento, como exaltação do eterno propósito no inicio daquela família. No fim, a solidão do filho adulto, no rosto de um soberbo Sean Penn teria sido mais impactante: a herança árida da transgressão paterna. Mas afinal, qual a razão nesse filme de introduzir criação do mundo e epilogo de vida?
Todavia o diretor soube servir-se de uma gama de atores cujas interpretações resultaram firmes, bem construídas, definitivas. Brad Pitt: aí está um ator que, de menino bonito aos poucos veio amadurecendo para personagens difíceis, trabalhando dura e conscientemente a caminho de uma profundidade que firmou “in his own wright and right*”. Sua maturidade o instigou à co-produção desse filme quase perfeito. Jessica Chastain, atriz quase desconhecida, nos traz uma mãe cuja presença nina a harmonia entre os meninos, mantendo-os unidos ao abrigo dos predadores, sem economizar-lhes jovialidade. Sean Penn, cujas interpretações, às vezes intencionalmente exageradas, conseguem assim mesmo marcar cenas inesquecíveis, tem aqui poucas aparições na personagem do filho-narrador já adulto. Mas mais uma vez espanta com uma interpretação absolutamente convincente e arrebatadora, sem emitir uma única palavra.
Lembro de ter presenciado, em um desses festivais do mundo dos espetáculos, a reedição da entrevista com um dos monstros sagrados de outrora, - seria Lawrence Olivier? - que disse algo como: “O teatro é dos atores, o cinema dos diretores e a televisão do resíduo”.
Saí da sala com a certeza de que às vezes o cinema é também, e mais, dos atores.
*a sutileza entre wright (entalhe em madeira) e right (direito). Wright é termo comum no teatro para definir o ator como "artesão",escultor de personagens.
NA CRISTA DA ONDA - Crônica
Algo não consegue sair do noticiário, do negrito das manchetes, dos textos bem articulados dos telejornais, das conversas em todos os setores da vida urbana. Não é o nome da mais nova modelo virando atriz, nem mais um terremoto na Ásia, nem a queda do dólar ou a crise econômica internacional. É só uma palavra que parece não conseguir deixar de fazer parte do nosso quotidiano. Corrupção! A palavra é sempre a mesma. Um polvo multi-tentacular que já se instalou em tudo e que, a cada semana, redescobrimos multiplicado-se num novo setor, em mais um, mais um, mais um...Quantos foram só esse ano?
Se formos examinar essa palavra, descobrimos nela quase um prefixo: “co” como nas palavras co-laboração, co-ação etc., o que implica na intervenção de mais do que uma pessoa. Daí associarmos a corrupção ao suborno, pois no suborno alguém paga e outro recebe.
Antes tinha-se raiva da corrupção dos políticos pelo simples fato de que não tinha-se acesso às “panelinhas” que garantissem os mesmos benefícios. Mas hoje acabou-se o hábito de admirar, reverenciar e invejar a figura folclórica do "malandro" e suas estrepolias. Acabou-se o tempo do "Gerson" de levar vantagem. Mas não se consegue conter a corrupção. Pior: no processo da tentativa infiltra-se outro elemento: a impunidade.
Corrupção existe em todo mundo.Desde o bíblico prato de lentilhas, os homens se corrompem e não houve civilização por mais flórida e milenar que tenha conseguido extirpá-la. Existem porém, algumas diferenças em outras culturas perante corrupção e suborno. Vimos nos Estados Unidos, um senador corrupto enfiar um revólver na boca e suicidar-se “ao vivo”; um membro de casa real europeia (Holanda, Bélgica, Luxemburgo?..) demitir-se do cargo, pedindo publicamente desculpas por ter embolsado uma comissão sobre fornecimento de aviões e revertendo o valor a obras beneficientes.
Em contrapartida nossos homens públicos criam CPIs que levam anos para serem julgadas até a extinção do prazo legal e, no ínterim, os investigados continuam embolsando seus ricos soldos que não devolverão, mesmo que acabem considerados culpados. E quase nunca o são.
Ao mesmo tempo em que políticos, ministros, e até jornalistas e economistas tentam vender sua profissão como uma cruzada em defesa da honestidade, o povo está finalmente começando a dar-se conta de que pode, e deve, exigir honestidade e transparência.
Parece-nos então lógico e desejável porém, que ele – o povo - , enfim nos, também tenhamos que assumir nosso próprio compromisso de não ceder à “corrupção pessoal”, aquela que exercemos abrindo mão de princípios, consciência e respeito próprio. É – por exemplo – o pai que consegue um falso atestado de saúde que isente seu filho do serviço militar; é a filha do coronel, que junta escova e procria sem casar-se para poder beneficiar-se da lei que lhe permite continuar a receber a aposentadoria do pai, enquanto for solteira. Nos dois exemplos as pessoas não deixam de colocar-se num legítimo direito legal que, porém, não lhes oblitera a má fé e a desonestidade.
Está portanto na hora – e nas nossas mãos – resgatar a honra, punindo sim a corrupção, mas também abstendo-se dela.
Se formos examinar essa palavra, descobrimos nela quase um prefixo: “co” como nas palavras co-laboração, co-ação etc., o que implica na intervenção de mais do que uma pessoa. Daí associarmos a corrupção ao suborno, pois no suborno alguém paga e outro recebe.
Antes tinha-se raiva da corrupção dos políticos pelo simples fato de que não tinha-se acesso às “panelinhas” que garantissem os mesmos benefícios. Mas hoje acabou-se o hábito de admirar, reverenciar e invejar a figura folclórica do "malandro" e suas estrepolias. Acabou-se o tempo do "Gerson" de levar vantagem. Mas não se consegue conter a corrupção. Pior: no processo da tentativa infiltra-se outro elemento: a impunidade.
Corrupção existe em todo mundo.Desde o bíblico prato de lentilhas, os homens se corrompem e não houve civilização por mais flórida e milenar que tenha conseguido extirpá-la. Existem porém, algumas diferenças em outras culturas perante corrupção e suborno. Vimos nos Estados Unidos, um senador corrupto enfiar um revólver na boca e suicidar-se “ao vivo”; um membro de casa real europeia (Holanda, Bélgica, Luxemburgo?..) demitir-se do cargo, pedindo publicamente desculpas por ter embolsado uma comissão sobre fornecimento de aviões e revertendo o valor a obras beneficientes.
Em contrapartida nossos homens públicos criam CPIs que levam anos para serem julgadas até a extinção do prazo legal e, no ínterim, os investigados continuam embolsando seus ricos soldos que não devolverão, mesmo que acabem considerados culpados. E quase nunca o são.
Ao mesmo tempo em que políticos, ministros, e até jornalistas e economistas tentam vender sua profissão como uma cruzada em defesa da honestidade, o povo está finalmente começando a dar-se conta de que pode, e deve, exigir honestidade e transparência.
Parece-nos então lógico e desejável porém, que ele – o povo - , enfim nos, também tenhamos que assumir nosso próprio compromisso de não ceder à “corrupção pessoal”, aquela que exercemos abrindo mão de princípios, consciência e respeito próprio. É – por exemplo – o pai que consegue um falso atestado de saúde que isente seu filho do serviço militar; é a filha do coronel, que junta escova e procria sem casar-se para poder beneficiar-se da lei que lhe permite continuar a receber a aposentadoria do pai, enquanto for solteira. Nos dois exemplos as pessoas não deixam de colocar-se num legítimo direito legal que, porém, não lhes oblitera a má fé e a desonestidade.
Está portanto na hora – e nas nossas mãos – resgatar a honra, punindo sim a corrupção, mas também abstendo-se dela.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
UMA ETERNIDADE
De Maio a Agosto, uma eternidade sim!
Meu Computador quebrou? Não
Fiz a viagem de minha vida? Não (seria para o Nepal mas agora é tarde demais)
Fiquei preguiçosa? Sim
Há momentos da vida em que uma preguiça consegue reestabelecer equilíbrios, recarregar baterias, movimentar ideias. Pois é.
Aproveitei minha Internet em "panne" e dei férias para mim e para meus leitores cuja maioria, de qualquer maneira, quer por trabalho, quer por família, estaria de férias. Então bem vindos de volta a todos, e eu já estou mais a vontade, de mangas arregaçadas e pés comodamente relaxados na banqueta debaixo da mesa do computador.
Estou de volta.
Serei a mesma?
Estarei melhor?
Estarei renovada?
Não sei: quero só estar.
Meu Computador quebrou? Não
Fiz a viagem de minha vida? Não (seria para o Nepal mas agora é tarde demais)
Fiquei preguiçosa? Sim
Há momentos da vida em que uma preguiça consegue reestabelecer equilíbrios, recarregar baterias, movimentar ideias. Pois é.
Aproveitei minha Internet em "panne" e dei férias para mim e para meus leitores cuja maioria, de qualquer maneira, quer por trabalho, quer por família, estaria de férias. Então bem vindos de volta a todos, e eu já estou mais a vontade, de mangas arregaçadas e pés comodamente relaxados na banqueta debaixo da mesa do computador.
Estou de volta.
Serei a mesma?
Estarei melhor?
Estarei renovada?
Não sei: quero só estar.
FABÍOLA, Prazer em Conhecer
Ela surgiu num curso que não curti. Um professor monologuista (se não existe acabei de inventar...) impositivo e raramente aberto à discussão, por pouco não me tirou do sério mais do que uma vez, colocando nos pincéis de Antonello da Messina uma metáfora só para justificar sua própria interpretação de luz difusa, e confundindo plágio com emulação, em detrimento de um criativo e inigualável Rauschenber.
Assim mesmo ou, quem sabe justamente por isso, Fabíola foi um achado em minha vida escolar. Digo "escolar" pois aos quase oitenta anos frequento os cursos que me colocam no meio de gente, na grande maioria jovem e interessante, o que me serve de espelho para uma atualidade que não posso me deixar escapar! Essa moça, que durante algumas aulas me passou quase desapercebida apesar do capelo impetuoso e das lentes intelectuais, foi quem escolhi naquele dia por ímpeto próprio, para um trabalho de "encontro".
E sim, foi um achado.
Mulher viva, tecnologicamente antenada à vida, a um trabalho criativo,à modernidade, ao futuro. E linda. Como uma mulher de hoje deve ser linda: simples, comunicativa, exemplarmente e pacatamente atenta aos detalhes das frases (não fosse ela jornalista) e das imagens que suas frases criam. E tem beleza também interior, voltada às necessidades da humanidade presente e futura, de alimentação sã e natural (não fosse ela também dieteta), e olhar tranquilo sobre o caos urbano. Será eventualmente uma mãe pra lá de compreensiva, estimulante e pronta a crescer, em todos os sentidos, com suas crias.
Um pontinho negro - que ela mesma apresentou, reminiscente de sua criação quase abandonada num internato - a fez crescer tanto e tão bem por mérito próprio que sua vida, apesar de árdua (sei que batalha duramente e com afinco) já é, e será, em tecnicolor.
O arcoiris que a sorte colocou em meu caminho numa sala barulhenta e na penumbra de um terraço. Lá naquela velha, cinzenta mas linda e orgulhosa Casa das Rosas.
Assim mesmo ou, quem sabe justamente por isso, Fabíola foi um achado em minha vida escolar. Digo "escolar" pois aos quase oitenta anos frequento os cursos que me colocam no meio de gente, na grande maioria jovem e interessante, o que me serve de espelho para uma atualidade que não posso me deixar escapar! Essa moça, que durante algumas aulas me passou quase desapercebida apesar do capelo impetuoso e das lentes intelectuais, foi quem escolhi naquele dia por ímpeto próprio, para um trabalho de "encontro".
E sim, foi um achado.
Mulher viva, tecnologicamente antenada à vida, a um trabalho criativo,à modernidade, ao futuro. E linda. Como uma mulher de hoje deve ser linda: simples, comunicativa, exemplarmente e pacatamente atenta aos detalhes das frases (não fosse ela jornalista) e das imagens que suas frases criam. E tem beleza também interior, voltada às necessidades da humanidade presente e futura, de alimentação sã e natural (não fosse ela também dieteta), e olhar tranquilo sobre o caos urbano. Será eventualmente uma mãe pra lá de compreensiva, estimulante e pronta a crescer, em todos os sentidos, com suas crias.
Um pontinho negro - que ela mesma apresentou, reminiscente de sua criação quase abandonada num internato - a fez crescer tanto e tão bem por mérito próprio que sua vida, apesar de árdua (sei que batalha duramente e com afinco) já é, e será, em tecnicolor.
O arcoiris que a sorte colocou em meu caminho numa sala barulhenta e na penumbra de um terraço. Lá naquela velha, cinzenta mas linda e orgulhosa Casa das Rosas.
Assinar:
Postagens (Atom)