domingo, 14 de outubro de 2012

OSSOS




Em sua já pouca lucidez, ele tenta lembrar alguns nomes.
Mentalmente declama: tarso, metatarso, tíbia, ulna...
Nenhum reage e portanto serão eles que, por mais tempo, provarão a existência daquele homem.
No branco que o envolve, o gotejar silencioso do soro a intervalos precisos.
Nem tem que ficar olhando, supõe-lhes a cadência e o barulho.
Ploct. Ploct.
Na única mão desperta, o indicador permanece imóvel, encapuzado.
Os outros quatro dedos acompanham o ritmo numa imperceptível contração.

Falange, ploct.
Falanginha, ploct.
Falangeta, ploct.
fa..lan... plo..ct,
fal.......pl...

Nenhum comentário: