Título original:
Inch'Allah
Produção:
Canadá/França 2011
Direção:
Barbeau-Lavalette
Cast:
Evelyn Brochu, Sabrina Quadzani, Sivan Levi, Youssef Sweid
Um filme
perturbador: desde o começo. Um visual tremido (camara ao ombro),
sua iluminação escura, focalização de olhos perscrutadores ao
redor da desolação palestina. Assim mesmo, uma analise
individualística de quão inútil e desperdiçada a colaboração de
pessoas bem intencionadas num ambiente de difícil penetração. Pior
ainda: de difícil compreensão. Como penetrar na verdade de um ser
humano movido a profundos ideais arraigados por religiões
contrastantes da sua e entre elas. Quando se está convencido de
estar fazendo todo o possível para ajudar, de repente o “seu”
todo possível não é o “todo” para quem o recebe. A médica
Canadense que mora em TelAviv para poder prestar serviço humanitário
num ambulatório feminino da Palestina enfrenta a toda hora a
passagem perigosa e cansativa entre os dois territórios, participa
da vida doméstica de algumas pacientes e sem querer entra na
angustia daqueles personagens. Um deles, jovem grávida que vive com
o filho de alguns 6/7 anos, numa casa sem conforto dividindo o espaço
com a mãe, e o irmão, enquanto o marido, preso, aguarda detalhe da
condenação. Apesar da instabilidade social e da perpétua
insegurança de vida, tanto em Israel, como na Palestina – surgem
momentos de relaxamento com encontro dos grupos dos dois setores,
cada um no seu, com suas musicas, suas danças, seus bate-papos
descontraídos, suas horas de laser, suas concessões para sexo
ocasional. Em emergências, pode-se estar a pouca distancia física,
mas longe por exaustivos impedimentos políticos, territoriais e
sociais. Isto pode acarretar mortes apesar de esforços sinceros, até
sobrehumanos. E nunca poderão ser consertadas, nem perdoadas, nem
esquecidas.
É um bom
filme, tecnicamente deficiente apesar de ser uma produção
franco-canadense, que provavelmente fez questão de que a falta da
técnica cinematográfica, enfatizasse a falta de clareza de
situações que o ser humano tem dificuldade em identificar:
demasiadas vezes, o ser humano se perde em si mesmo, a procura do
“certo”, do “quando” do “como”.
Interpretações
corretas intercaladas por muitos outros personagens evidentemente
arrecadados in loco entre habitantes da região. Muito tocante o
menino palestino que, sem dizer uma palavra, transita nos
acontecimento abanando um manto vermelho, como o super-homem de sua
imaginação, enquanto com seu comportamento e seus raros momento de
brincar, revela as angustias de crianças sem futuro, a cada
momento, arriscadas a não ter mais família.
Vale a
pena ver: temos muito que aprender com as inseguranças alheias.
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