quarta-feira, 8 de abril de 2009

PEDRO E A ZIBELINA

PARA PEDRO 'CLASH' A QUEM, EM CLASSE, NÃO CONSEGUI DIZER O ABAIXO:

Animalzinho melindroso das florestas russas, a Zibelina começou a ser usado como ornamento de vestimentas desde a época carolíngia. Carnívoro, sua composição física, pernas curtas e corpo alongado, já sugere seu andar quase rastejante para não ser visto por predadores maiores, e para surpreender os menores, de que se alimenta.
Parece estranho Zibelina representar o “ser imaginário” de alguém como Pedro?
Os textos de Pedro sempre me surpreendem. Não deveriam, pois já conheço de alguns módulos de “escrevivendo” a lucidês do seu raciocínio, sua capacidade de enquadrar idéias com distinção e força apesar da simplicidade com que as coloca. E meu primeiro pensamento ao ouví-lo ler seu texto foi o último item de minha própria lista inicial de seres imaginários, que, porém, não me atrevi a desenvolver: Deus.
O fato de Zibelina ser “ausência” reforça ainda mais sua presença. A onipotência de Deus, um dos atributos mais cantados, enquadra outro que pouco mencionamos para não soar como uma ameaça. Não é, mas é tão real que nunca o percebemos: Sua “oni-presença”.
A Zibelina de Pedro tem os dois.
Se Zibelina chega sorrateiramente e se instala nos momentos de crises, qualquer crise, é porquê nosso inconsciente a percebe e a ela apela como quem necessita de um calor macio em volta de seus ombros e sua alma. O depoimento de Pedro é até um alerta contra a ingratidão. Resolvido o problema, Zibelina se vá. Devíamos nós, agora, acarinhá-la, acalentá-la em nosso colo, alimentar-lhe a alma com a nossa. Só os realmente religiosos – de qualquer religião – os ascetas, os penitentes, os místicos lhe dedicam constante homenagem.
Zibelina resolve, mas some: sua ausência dá vida à consciência do necessitado que, com sua própria força e ajuda espiritual, tem capacidade, sim, de resolver suas crises e as aceita, por que elas fazem parte de nosso saber e não-saber.
O texto do Pedro mereceria um fundo musical. Eu não sei compor mas poderia sorver da composição de Prokofiev, os sons didáticos e descritivos que usou para sua fabula de Pedro e o Lobo. Talvez com a adição de algumas discretíssima colunas de órgão, ou, quem sabe, melhor um saxofone barítono a acariciar-lhe o pelo macio que já não abastece os régios ornamentos, mas só aquece os recursos íntimos dos seres humanos.

Nenhum comentário: