quarta-feira, 1 de julho de 2009

MINHA CASA-MEU QUARTO-MEU ESPAÇO-MEU MUNDO

....o mundo muda mais a gente do que a gente muda o mundo (Maria Telles Ribeiro)

E o mundo nunca é como queriamos que ele fosse... Mas o meu é.
Meu mundo é anti-convencional porquê não tenho que respeitar as convenções de ninguém já que meu espaço é só para mim e toda minha casa é como se fosse só meu quarto e meu quarto é como se fosse toda minha casa, e tudo isto é meu mundo. Quem entra nele aceita minhas convenções.
Sim, sim: pode entrar! Não faz mal, entre, pode entrar, sim, pode pisar sim, assim mesmo! Está chovendo?
Não tem importância, entre assim mesmo! Entre, vamos, use esta porta pois é a única da casa! Não tenho portas a não ser a da entrada.
Ah, não, desculpe: há a da cozinha. A da cozinha só está lá para que eu, ao acordar, não tenha a visão prosáica de uma geladeira. E la na cozinha, tudo é tão prático que, na mesma posição, uso o fogão com a mão esquerda, pia e geladeira com a direita e vários armários no alto; uma ligeira torção do tronco e tenho a despensa ao meu alcance.
Venha, venha para a sala, pode pisar, insisto, já disse que não tem importância; olhe: esta é minha mesa de jardim, este meu sofazinho, aquela gama toda de cores alinhada nos braços, são as que brotam das minhas mãos quando me dá na telha.
Minha estante de livros é pequena, não é? Eu guardo pucos livros, mas...Ah! meus livros...
Você pouco vê das paredes, não é? Mas meus quadros...Ah! meus quadros...
E minhas esculturas pelo chão...Ah! minhas esculturas...
Mas a estória toda não devia ser meu quarto como a Maria Telles Ribeiro mandou?
Pois então,você já está lá! Continue andando, pisando, sim pode, claro que pode, deve!
Uma guinadinha para a esquerda e lá está minha cama branca e o resto é a continuação do resto: meus quadros e minhas esculturas e meus objetos...Ah! meus objetos...
E, sim: há também meus girassois...Ah! meus girassois...
E meu tamancos...Ah! meus tamancos brancos...
Eles podem estar em qualquer lugar, a qualquer hora, meus tamancos brancos...
É verdade,eles também são brancos, como as paredes que quase não se vêm, assim como todo, todo o chão em que você está pisando...
Acabou o espaço: você está saindo e levando, dentro dos seus olhos, todo aquele branco em que você, indo para a sua casa, reverá todas as cores da minha.

Um comentário:

Karen Kipnis disse...

Muito lindo, Brunica! Quem já viu, ou imaginou, entenderá!
Beijos e girassóis,
KK