quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

RESENHA DO FILME - ALBUM DE FAMÍLIA


Título original: “August, Osage County”
Produção: USA 2013
Direção : John Wells
Cast: Meryl Streep, Julia Roberts, Juliette Lewis, Julianne Nicholson,
Ewan McGregor, Abigail Breslin, Sam Shepard

Agradecemos ao diretor John Wells por ter deixado a mão mais leve do que habitualmente, nesse dramalhão sulista muito ao gosto de um Tennessee Williams ou de um Nelson Rodrigues. Conseguiu isto, antes de mais nada, por ter levado os personagens um pouco mais frequentemente ao ar livre tirando-os do habitual e opressivo “indoor” do gênero. Casa antiga, obscura, repleta de móveis e recantos sombrios. Segredos e mentiras de uma família que mal se vê e mal se suporta.
Sobrou para Meryl Streep a carga mais pesada de abrir o tom da história, e ela o faz com a competência de sempre, apesar de alguns átimos de canastrice que, em certos momentos até pensei intencional (mas não...) Os personagens vem sendo delineados lentamente, os diálogos parecem vagos e só aos poucos começam a fazer sentido, caminhando para o final onde tudo é revelado como o passar dos tijolos de mão em mão entre pedreiros. Mentiras, fins escusos, traições, segredos: tudo embutido numa terra indígena (daí o nome Osage) onde as estirpes brancas proliferaram sem todavia lhe pertencer.
Opulent Old South. It's all there.
Filme correto, interpretes corretos, grande público aplaudindo.
Quem pareceu-me ganhar nova vida em seu estrelado é Julia Roberts: seus momentos de tensão, de confrontação, de perdão, de mágoas, de surpresas, num semblante rigoroso e introspectivo. Mais do que uma vez, no seu despojamento físico e psicológico, lembrou-me a Mona Lisa. Acho sinceramente que este foi seu grande filme, e se puder assistir, o faça para descobrir nela as qualidades que, ao meu ver, nenhum outro personagem lhe permitiu desenvolver.

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