Titulo
original: La prima cosa bella
Produção:
Italia 2010
Direção:
Paolo Virzí
Cast:
Stefania Sandrelli, Valerio Mastandrea, Claudia
Pandolfi, Michaela Ramazotti
Na
verdade, a primeira coisa bela desse filme é justamente a
acertadissima criação de uma personagem feminina: uma moça que,
apesar de volúvel, questionável e até de comportamento deplorável,
é crível, admirável e cativante. Jovem mãe de duas crianças,
escolhida apesar de si mesma como “Miss mãe” num evento
suburbano de verão, vê-se de improviso atraída pela fatuidade da
fama, crê em todas as promessas recebidas, e descamba por uma vida
incontrolável. Ama ternamente seus filhos, e luta incansavelmente
para não perde-las, sem todavia abandonar o que seria seu mau
caminho.
O
que faz o milagre? É uma direção carinhosa, tão cuidadosa que em
nenhum momento coloca o espectador em dúvida entre as épocas que
alterna para contar a história. É a interpretação sincera e
espontânea da já sessentona Stefania Sandrelli que recapitula na
própria imagem todas as imagens das outras atrizes que a interpretam
nas demais idades: uma mulher cativante, e estranhamente admirável
contrariando todo julgamento, mantendo tanto em seu interior como à
flor da pele, uma pureza inabalada. Melhor ainda: sua inocência.
Uma
personagem. Uma mulher, cujo comportamento envergonhou seu filho
desde a infância até a idade adulta, consegue aglutinar o carinho e
a admiração de todos até no leito de morte onde, in extremis
casa-se com seu último velho amante.
Dramalhão?
Nada! Um relato intercalado de pequenos sorrisos, e até de algumas
ótimas risadas nos diálogos dos filhos pequenos. Uma história que
nos leva a repensar quantas vezes criticamos e pré-julgamos pessoas
sem conhecer suas verdadeiras índoles.
Com
uma mão tão feliz para reger um filme simples e ao mesmo tempo
primoroso, que venha mais vezes esse Virzí, cujo currículo é
salpicado de prêmios internacionais mas raramente trazido às nossas
telonas.
Prazer
em conhecer.
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