Título Original:
Violeta se fue a los Cielos
Diretor:
Andrés Wood
Produção:
Chile/Brasil/Argentina 2011
Cast:
Francisca Gavilán
Violeta
Parra ainda é grande nome da arte latino-americana e finalmente esse
filme, baseado no livro escrito por seu filho Angel, nos traz
informações bem mais amplas sobre a vida e a múltipla obra dessa
emblemática mulher cuja história nos chegou – durante os últimos
anos de sua vida – provavelmente deturpada pelas lentes
castradoras do momento político do nosso país e do dela.
Cantora,
compositora, pintora e escultora e, antes de mais nada, quintessencia
de “povo”. Povo chileno, qualquer povo limitado por séculos à
condição de colonizado, privado de oportunidades sociais, cujas
únicas fontes de cultura foram as herdadas da tradição verbal
andina.
Filha de
uma índia com um branco, professor de uma escola miserável numa
aldeia miserável, menina de rosto marcado por cicatrizes de
varíola, Violeta cresceu entre guitarras arrebentadas pelas
bebedeiras do pai, guardando seus sons dentro do peito numa ansiedade
criativa. Foi andando de casa em casa, entre os núcleos mais
longínquos, registrando histórias, sons e canções dos mais
velhos, que começou a coletar o material necessário para tirar de
dentro de si mesma, os primeiros acordes. Suas primeiras canções e
baladas não podiam deixar de ser o que foram: lamentos e esperanças
de vida melhor, revoltas e brados de protesto inexoravelmente a
caminho de um ideal proletário facilmente transformado em
engajamento marxista.
É justo
de países comunistas que vem seus primeiros sucessos musicais, suas
primeiras viagens ao exterior, para as quais até deixa seus filhos
ainda pequenos aos cuidados dos maiorzinhos. É a simplicidade de
seus versos, a profundidade das imagens aparentes só bucólicas e
infantis, que despertam a admiração lá fora, onde a vida é sempre
mais fácil, onde as oportunidades estão ao alcance de muitos ou
quase todos . Seguindo um jovem suíço por quem se apaixona, é que
em Paris, começa a pintar quadros e a bordar painéis, recriando
cenas dos povos andinos, suas cores e suas misérias, obras que
merecem a atenção de um dos setores de divulgação temporária do
Louvre. A notoriedade internacional consegue que o prefeito da zona
onde vive no Chile, conceda um espaço para que construa uma tenda
que ela chega a chamar faculdade/escola, onde viverá criando um
palco permanente da cultura indígena através de suas canções e de
seus painéis. Será a perda daquele suíço, bem mais jovem do que
ela, que transformará sua vida do abandono de suas próprias
aspirações, até o suicídio.
A grande
interpretação de Francisca Gravilán leva ao espectador uma Violeta
de densidade emocional vibrante e magnética. O filme não pretende
tornar Violeta Parra uma heroína, mas deixa dela, sim, a força de
uma mulher do povo que “é” sua própria terra e que sempre
viveu dela e nela “como el musguito en la piedra”...
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